Encontrado planeta superterra que é habitável apenas durante uma parte do ano.

por Marcos Evaristo
Descoberto planeta superterra que só é habitável parte do ano

Uma nova descoberta no campo da astronomia está gerando grandes expectativas sobre a possibilidade de vida fora da Terra. Cientistas identificaram um exoplaneta classificado como uma “superterra”, que orbita em parte na zona habitável do seu sistema estelar, um espaço onde as condições podem permitir a presença de água líquida e, potencialmente, vida. O exoplaneta, denominado Kepler-725c, foi descoberto através de técnicas sofisticadas que detectam alterações sutis na movimentação de outros planetas ao redor da mesma estrela.

A revelação foi feita na terça-feira, 3 de outubro, na prestigiosa revista Nature Astronomy. Os pesquisadores utilizaram um método conhecido como variação no tempo de trânsito (TTV, sigla em inglês), que permite inferir a presença de outros corpos astrais com base nas variações no momento em que um planeta transita na frente de sua estrela. Quando essa regularidade é alterada, é um indicativo de que um novo objeto gravita nas proximidades, mesmo que não seja visível.

Imagem conceitual do sistema Kepler-725 com os dois planetas. Crédito: GU Shenghong

Tradicionalmente, os astrônomos fazem suas descobertas observando a luz de uma estrela. Quando um planeta transita na frente da estrela, a luz diminui ligeiramente, permitindo a mensuração do tamanho do planeta. O telescópio espacial Kepler é conhecido por ter identificado milhares de exoplanetas utilizando esse método. No entanto, essa abordagem apresenta limitações, especialmente quando o planeta tem uma órbita inclinada, o que impossibilita que ele seja observado a partir da Terra.

É nesse contexto que a técnica TTV se torna fundamental. Ao observar atrasos ou adiantamentos nos trânsitos de um planeta, os cientistas podem inferir a existência de um corpo celeste oculto que está interferindo gravitatacionalmente em sua trajetória. Foi desta forma que a equipe de pesquisa conseguiu identificar Kepler-725c, enquanto estudava seu vizinho, Kepler-725b, um gigante gasoso em uma órbita ao redor de uma estrela similar ao nosso Sol, situada a impressionantes 2.472 anos-luz de distância.

Desafios na Compreensão das Superterras: A Falta de Exemplares no Sistema Solar

Com uma massa cerca de 10 vezes maior que a da Terra, Kepler-725c é classificado como uma “superterra”. Esses planetas, em sua maioria rochosos e com gravidade mais forte, suscitam muitas perguntas. Com a ausência de superterras no nosso Sistema Solar, os cientistas enfrentam dificuldades em compreender como esses mundos funcionam e se há a possibilidade de sustentarem vida.

Outro aspecto interessante é a órbita do Kepler-725c, que se difere significativamente da de nosso planeta. Enquanto a órbita terrestre é quase circular, o novo exoplaneta descreve um caminho elíptico com alta excentricidade. Isso significa que suas distâncias em relação à estrela variam drasticamente ao longo do tempo, impactando consideravelmente a quantidade de calor que ele recebe.

Em média, Kepler-725c possui uma radiação 1,4 vezes mais intensa que a da Terra, mas essa medida flutua significativamente durante o seu ciclo orbital, que tem uma duração de 207,5 dias terrestres. Por conta dessa variação, os cientistas acreditam que as condições para habitação são favoráveis apenas em certas épocas, quando o planeta se encontra na zona habitável.

Representação artística de um exoplaneta superTerra. Crédito: ESO/M. Kornmesser

Desvendando Possibilidades de Vida em Ambientes Extremos

Uma questão intrigante que surge é se a variação climática extrema deste planeta poderia favorecer ou impossibilitar a existência de vida. A hipótese de que um exoplaneta possa ter condições habitáveis por apenas uma fração do seu ano levanta dúvidas sobre a adaptabilidade de possíveis formas de vida nessas circunstâncias. Atualmente, os cientistas ainda não têm respostas definitivas.

Além disso, por o Kepler-725c não transitar diretamente na frente de sua estrela, será inviável realizar análises atmosféricas utilizando o Telescópio Espacial James Webb (JWST) da NASA. Esse telescópio depende da luz da estrela para examinar a composição atmosférica do planeta, o que não será possível nesse caso.

No entanto, existe um horizonte otimista. A missão PLATO, da Agência Espacial Europeia (ESA), que está programada para 2026, tem como objetivo detectar uma maior quantidade de exoplanetas usando a técnica TTV. Esta abordagem promete descobrir mundos que estão mais distantes das suas estrelas hospedeiras, além de aqueles invisíveis aos métodos tradicionais.

O astrônomo Sun Leilei, líder do estudo, destacou em um comunicado que a descoberta ilustra o potencial da técnica TTV em identificar planetas menores localizados em zonas habitáveis. Isso pode ser um marco significativo na busca por vida além da Terra. “Quanto mais mundos conhecermos, maiores são as chances de encontrarmos algum que possa, de fato, abrigar vida”, concluiu Leilei.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/06/06/ciencia-e-espaco/astronomos-descobrem-planeta-superterra-que-so-e-habitavel-parte-do-ano/

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