De Devs a ‘Babás de IA’: A Nova Realidade dos Senior Coders

por Marcos Evaristo
Robot walking baby carriage

O Impacto da AI na Programação: Desafios e Bene­fícios

Nos dias atuais, a tecnologia avança numa velocidade incrível. Um desses avanços é a utilização de inteligência artificial (AI) na programação. Apesar de ser uma ferramenta inovadora que promete facilitar a vida dos desenvolvedores, muitos profissionais, como a Carla Rover, enfrentam desafios e aprendem lições valiosas sobre o uso dessa tecnologia.

A Realidade na Vida de um Programador

Carla Rover, uma veterana com 15 anos de experiência em desenvolvimento web, decidiu embarcar numa nova aventura: fundar uma startup que cria modelos personalizados de machine learning para marketplaces. Em sua jornada, Carla se deparou com a ideia de "vibe coding", que ela descreve como uma forma única de deixar ideias fluírem, como esboçar em um guardanapo. No entanto, essa ferramenta, embora promissora, pode ser traiçoeira.

Certa vez, após utilizar AI para acelerar o desenvolvimento de um projeto, Carla passou 30 minutos chorando. O motivo? O código gerado pela inteligência artificial era tão problemático e cheio de erros que ela e seu filho tiveram que reiniciar todo o projeto. Essa frustração é um retrato real do que muitos desenvolvedores estão vivendo atualmente.

O Desafio do "Vibe Coding"

Vibe coding é uma prática que combina criatividade com tecnologia. É uma maneira de os programadores gerarem ideias rapidamente, mas pode se tornar um jogo perigoso. Carla, por exemplo, comentou que lidar com AI pode ser “pior do que cuidar de crianças”, já que o código gerado pode falhar de maneiras que não se esperava. Afinal, a promessa de rapidez pode desencadear um desastre se a revisão não for feita de forma cuidadosa.

Ela menciona que, em sua pressa para ser impressionante, deixava passar a verificação de arquivos gerados automaticamente. Ao revisar manualmente, encontrou erros em cada esquina; e ao utilizar ferramentas de terceiros, percebeu que a situação era ainda mais grave. Essa experiência é um alerta para muitos que confiam que a tecnologia pode resolver todos os problemas.

O Peso da Revisão de Código

Uma pesquisa realizada pela plataforma de entrega de conteúdo Fastly revelou que 95% dos desenvolvedores entrevistados precisam dedicar tempo extra para corrigir código gerado por AI. Os desenvolvedores seniores, em particular, são os que mais sentem o peso dessa tarefa. Os erros podem variar desde nomes de pacotes inexistentes até a exclusão acidental de informações cruciais, resultando em produtos cheios de bugs.

A prática recente de contratar “especialistas em limpeza de vibe code” demonstra essa nova realidade no mundo da programação. TechCrunch conversou com vários desenvolvedores sobre suas experiências, e o consenso é claro: ainda há um longo caminho a percorrer para que a tecnologia esteja à altura das expectativas.

Comparações Inusitadas

Feridoon Malekzadeh, outro desenvolvedor com mais de 20 anos de experiência, trouxe uma comparação interessante. Ele disse que usar ferramentas de viração é como pedir ajuda a um adolescente teimoso. “Você precisa pedir 15 vezes para que eles façam algo; no fim, eles fazem só parte do que você pediu e, para piorar, quebram algumas coisas no processo”, afirmou. Essa analogia destaca que, embora os desenvolvedores possam ser auxiliados, eles não podem delegar completamente suas responsabilidades à AI.

Malekzadeh destina cerca de 50% do seu tempo escrevendo requisitos, 10% a 20% em vibe coding e 30% a 40% apenas corrigindo o código gerado pela AI. A falta de visão sistêmica encontrada nesses sistemas é uma preocupação crescente. A AI pode resolver problemas superficiais, mas não captura a complexidade necessária para criar soluções eficazes em um software.

Os Conflitos da AI

Mais problemas surgem quando a AI encontra dados que não se encaixam nas instruções que recebeu. Carla relatou que a AI às vezes fornece conselhos enganosos ou omite elementos essenciais. Em uma experiência, quando questionou os resultados fornecidos por um modelo de AI, este começou a fabricar explicações, apenas admitindo o erro quando ela o confrontou. Isso a lembrou de um colega de trabalho tóxico, que não assumia suas falhas.

Esse tipo de interação levanta questões sobre a confiabilidade da AI e a necessidade de os desenvolvedores estarem sempre vigilantes.

Segurança em Primeiro Lugar

A segurança também é uma preocupação constante. Austin Spires, da Fastly, percebeu que a AI tende a gerar soluções que priorizam a rapidez em vez da precisão. Isso pode resultar em vulnerabilidades comuns que novos programadores têm. “O desenvolvedor precisa revisar o código, corrigir a AI e explicar o erro. Isso é o que tornou a expressão ‘você está absolutamente certo’ popular nas redes sociais”, apontou.

A UI de modelos de AI, como o Anthropic Claude, tende a responder com frases elogiosas quando confrontados sobre falhas, evidenciando outro problema: o desafio da transparência e da responsabilidade.

Uma Nova Era para a Programação

Quase todos os desenvolvedores que foram entrevistados concordam que ferramentas de vibe coding têm seu lugar, principalmente na fase de prototipagem e para agilizar o processo de desenvolvimento. No entanto, todos concordam que uma revisão humana é essencial antes de confiar o produto final a um cliente.

Como metaforicamente comentou Carla, “Esse guardanapo não é um modelo de negócio”. É preciso equilibrar a facilidade que a AI oferece com a profundidade do entendimento do que realmente está sendo construído.

Malekzadeh também enfatiza que, mesmo com os desafios, o vibe coding o ajuda a ser mais produtivo. O tempo que ele gasta corrigindo o código é compensado pelo aumento geral de produtividade proporcionado pela tecnologia. E, como ele bem disse, cada avanço tecnológico vem acompanhado de seus desafios.

A Geração Com Habilidades em AI

Os jovens engenheiros também estão se adaptando a essa nova realidade. Elvis Kimara, recém-formado em AI, está criando um marketplace e, como muitos da sua geração, encontrou o trabalho com vibe coding algo desafiador, mas também enriquecedor. Ele reflete que, enquanto a AI pode facilitar certas tarefas, a satisfação de resolver problemas por conta própria se perdeu um pouco.

Contudo, Kimara está ciente de que o futuro pede novas habilidades. “Não estaremos apenas escrevendo código; estaremos orientando sistemas de AI, assumindo responsabilidades quando algo dá errado e agindo mais como consultores em relação às máquinas”, prevê.

Reflexão Final

O uso de AI na programação é uma faca de dois gumes. Enquanto a tecnologia traz velocidade e eficiência ao processo criativo, os desenvolvedores enfrentam um novo mundo de complexidade e desafios. É crucial encontrar o equilíbrio entre a automação e a revisão humana, garantindo a segurança e a qualidade do produto final.

Em suma, a jornada de programadores como Carla Rover nos ensina que, embora a inteligência artificial tenha revolucionado o desenvolvimento de software, a atenção cuidadosa e a experiência humana permanecem indispensáveis. Afinal, no mundo da tecnologia, nem tudo que brilha é ouro.

Posts Relacionados

Deixe Seu Comentário

Are you sure want to unlock this post?
Unlock left : 0
Are you sure want to cancel subscription?

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Suponhamos que você esteja de acordo com isso, mas você pode optar por não aceitar, se desejar. Aceitar Leia Mais

Política de Privacidade e Cookies
-
00:00
00:00
Update Required Flash plugin
-
00:00
00:00