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Como as Startups de IA Estão Reimaginando o Controle dos Dados

Image Credits:Andriy Onufriyenko / Getty Images

Como a Arte e a Tecnologia se Encontram na Era da Inteligência Artificial

Na interseção entre arte e tecnologia, novas oportunidades estão surgindo, permitindo que criadores como Taylor explorem sua paixão e, ao mesmo tempo, contribuam para o avanço da inteligência artificial. Durante uma semana intensa neste verão, Taylor e sua colega de quarto experimentaram algo bastante inusitado: elas usaram câmeras GoPro presas em suas testas para treinar um modelo de visão de inteligência artificial. Este trabalho não só trouxe benefícios financeiros, mas também abriu portas para uma nova forma de criação artística.

A Experiência de Taylor

Taylor compartilhou como era seu dia a dia enquanto realizava essa tarefa. Ao acordar, elas seguiam sua rotina normal, mas logo começavam a se preparar para a parte mais fascinante do dia: gravar suas atividades com as câmeras. "Colocávamos as câmeras na cabeça, sincronizávamos os horários e depois fazíamos nosso café da manhã. Também lavávamos a louça", explicou ela. Após essas tarefas, cada uma seguia para seus projetos de arte.

O objetivo era produzir cinco horas de filmagens sincronizadas por dia. No entanto, Taylor percebeu rapidamente que precisaria de mais tempo. "Alguns dias, eu precisava de sete horas. Era preciso reservar um tempo para descansos e recuperação física", revelou. O uso contínuo da câmera trazia não apenas desafios criativos, mas também desconforto físico, como dores de cabeça depois de tirar a câmera da cabeça, deixando uma marca vermelha na pele.

Turing Labs: A Conexão com a Arte

Taylor estava trabalhando como freelancer de dados para a Turing Labs, uma empresa de inteligência artificial. O objetivo da Turing não era apenas ensinar a IA a fazer pinturas a óleo, mas sim ajudá-la a desenvolver habilidades mais sutis, como resolução de problemas e raciocínio visual. Diferente dos modelos de linguagem que coletam dados principalmente de textos, o modelo de visão da Turing seria treinado inteiramente com vídeos. E a maioria desse conteúdo era coletado diretamente pela empresa.

A ideia era ter um conjunto de dados diversificado que incluísse não apenas artistas, mas também chefs, eletricistas e trabalhadores da construção civil. Sudarshan Sivaraman, diretor de inteligência artificial da Turing, destacou a importância da coleta manual de dados. "Estamos fazendo isso para muitas formas de trabalho braçal, para garantir que tenhamos diversidade de dados na fase de pré-treinamento", declarou Sivaraman. Essa abordagem proporciona uma base rica para a IA aprender como as tarefas são realizadas no mundo real.

Por Que Coletar Dados é Tão Essencial?

O trabalho da Turing Labs reflete uma mudança crescente na forma como as empresas de inteligência artificial lidam com dados. Em um passado não muito distante, os conjuntos de treinamento eram frequentemente coletados de maneira aleatória na internet ou através de trabalhadores mal pagos. Hoje, vemos uma valorização do "dado de qualidade", onde as empresas estão dispostas a investir significativas somas de dinheiro em dados cuidadosamente selecionados.

Isso ocorre porque as empresas começaram a entender que o poder da IA já está estabelecido, e a verdadeira vantagem competitiva agora reside na qualidade dos dados. Em vez de terceirizar essa tarefa, muitas empresas, como a Turing, estão fazendo essa coleta de forma interna, garantindo que cada pedaço de informação tenha uma relevância e qualidade excepcionais.

Exemplos Práticos de Coleta de Dados

Um exemplo interessante desse novo paradigma é a empresa Fyxer, que utiliza modelos de IA para organizar e redigir e-mails. Richard Hollingsworth, fundador da Fyxer, descobriu que trabalhar com um conjunto de pequenos modelos que usam dados de treinamento focados levou a melhores resultados. "Percebemos que a qualidade dos dados, e não a quantidade, realmente define o desempenho do modelo", afirmou Hollingsworth.

Para ele, isso significou uma abordagem não convencional na sua equipe. Muitas vezes, o número de assistentes executivos que treinavam o modelo superava o número de engenheiros. "Usamos muitos assistentes experientes, porque precisávamos entender os fundamentos de quando um e-mail deve ser respondido. É um problema muito orientado para as pessoas", explicou. A busca por anotadores de qualidade tornou-se um diferencial competitivo para a empresa, já que nem todos têm acesso a esses profissionais especializados.

A Importância do Conjunto de Dados de Alta Qualidade

A coleta de dados não parou, mas com o tempo, Hollingsworth tornou-se mais seletivo em relação aos conjuntos de dados, preferindo conjuntos menores, mas mais bem curados. Essa escolha evidenciou a crença de que, especialmente ao utilizar dados sintéticos, manter a qualidade dos dados originais é essencial. A estimativa da Turing sobre seus dados é que aproximadamente 75% a 80% são sintéticos, gerados a partir dos vídeos originais coletados.

Sivaraman enfatizou que, se os dados usados para pré-treinamento não forem de qualidade, o resultado final, mesmo ao trabalhar com dados sintéticos, também será comprometido. "Se os dados de pré-treinamento em si não forem bons, então o que você fizer com os dados sintéticos tampouco será de qualidade", acrescentou.

Os Desafios e as Vantagens da Coleta de Dados Interna

Além da qualidade, há uma lógica competitiva poderosa em manter a coleta de dados dentro da empresa. Para a Fyxer, o trabalho árduo de coleta de dados é uma das melhores barreiras contra competidores. "Acreditamos que a melhor maneira de fazer isso é através dos dados, construindo modelos personalizados e treinamento de dados de alta qualidade", disse Hollingsworth.

Isso não apenas fornece uma vantagem no mercado, mas também fortalece o vínculo entre a empresa e os talentos que ajudam a moldar a IA. Para muitos, o trabalho de cada artista, cozinheiro ou eletricista que contribui com seus conhecimentos e habilidades se transforma em uma peça fundamental na construção de um futuro mais inteligente.

A Interface da Criatividade e da Inteligência Artificial

A interseção entre arte e inteligência artificial está apenas começando a ser explorada. Taylor e suas experiências são apenas um exemplo do que pode ser alcançado quando criadores, tecnologia e empreendimentos inovadores se juntam. E, com o avanço da IA, o futuro das profissões que envolvem tarefas manuais parece mais intrigante e desafiador do que nunca.

Os artistas não são mais vistos apenas como criadores de obras para apreciação estética; agora, eles desempenham um papel ativo na evolução tecnológica. O trabalho manual que antes era frequentemente considerado trivial agora é reconhecido por sua complexidade e valor. E essa evolução pode muito bem abrir novas avenidas para a expressão e a inovação nas indústrias criativas.

Conclusão

A experiência de Taylor e a inovação da Turing Labs nos mostram que a combinação de arte e tecnologia pode levar a resultados surpreendentes e enriquecedores. Coletar dados com qualidade e entender o valor de cada contribuição individual permite que a inteligência artificial se torne mais eficiente e útil.

Enquanto olhamos para o futuro, uma coisa é certa: a colaboração entre as mãos que criam e as mentes que codificam é fundamental. Este é um momento emocionante para ambos os campos, e as possibilidades são ilimitadas. Ao valorizar o trabalho humano e a qualidade dos dados, estamos construindo um caminho sólido para um futuro onde a tecnologia e a criatividade coexistam em harmonia.

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