A Revolução dos Softwares de ERP com IA: O Caso da DualEntry
Nos últimos anos, temos ouvido falar cada vez mais sobre a transformação digital que afeta empresas de todos os tamanhos. Uma das tendências mais empolgantes nessa área é o uso da inteligência artificial (IA) em sistemas de planejamento de recursos empresariais, conhecidos como ERP (Enterprise Resource Planning). Um exemplo recente dessa evolução é a startup DualEntry, que acaba de atrair uma significativa rodada de investimento. Mas o que isso significa para o futuro das empresas? Vamos explorar.
A Ascensão da DualEntry
Em outubro de 2025, a startup DualEntry, que ainda é novata no mercado, anunciou um impressionante aporte de $90 milhões em sua rodada de investimento chamada Série A. Essa rodada foi liderada por investidores reconhecidos, como Lightspeed e Khosla Ventures, elevando a avaliação da empresa para $415 milhões. Isso é notável, considerando que a DualEntry foi fundada apenas um ano atrás.
Mas o que a DualEntry faz? A empresa tem como objetivo substituir softwares tradicionais, como o Oracle NetSuite, por uma solução mais moderna capaz de automatizar tarefas rotineiras e oferecer previsões inteligentes. Isso pode ser um divisor de águas para muitas empresas que dependem de softwares antigos que podem ser lentos e ineficientes.
O Que Há Por Trás desse Sucesso?
Com essa injeção maciça de capital, é evidente que a DualEntry está atraindo a atenção de investidores. O grande sinal de que algo está certo ocorre quando se observa um crescimento fenomenal na receita. No entanto, há um pequeno ponto de controvérsia. Um investidor que optou por não investir na empresa mencionou que, ao analisar a situação em agosto, a receita recorrente anual (ARR) da DualEntry era de apenas $400 mil. O cofundador da empresa, Santiago Nestares, rebateu essa afirmação, garantindo que a receita estava "consideravelmente acima" desse número quando o acordo foi finalizado.
O Conceito de Kingmaking
Esse cenário de investimentos em larga escala é parte de uma estratégia conhecida como "kingmaking". Esse termo se refere ao ato de direcionar uma quantidade significativa de investimento para uma única startup dentro de uma categoria concorrida, com a intenção de provocar um domínio no mercado. Essa abordagem pode parecer arriscada, mas é uma tendência que está se tornando comum entre os melhores capitalistas de risco.
“Os capitalistas de risco sempre avaliaram um conjunto de concorrentes e então apostaram em quem eles achavam que seria o vencedor em uma determinada categoria. O que mudou é que isso está acontecendo muito mais cedo”, explica Jeremy Kaufmann, parceiro da Scale Venture Partners.
Um Olhar Sobre o Passado
Essas táticas de investimento não são novas, mas as circunstâncias mudaram bastante. Nas décadas de 2010, essa prática era chamada de "capital como arma", com investimentos substanciais em empresas como Uber e Lyft. No entanto, naquela época, a capitalização de empresas geralmente começava em rodadas mais avançadas, como a Série C ou D. Agora, vemos um foco em empresas que ainda estão nos estágios iniciais.
Concorrência em Alta
A DualEntry não é a única no cenário. Outros empreendimentos, como Rillet e Campfire, também estão captando investimentos em ritmo acelerado. Rillet, por exemplo, levantou $70 milhões em sua rodada de Série B, apenas dois meses depois de garantir $25 milhões em uma Série A liderada pela Sequoia. Da mesma forma, a Campfire AI anunciou uma Série B de $65 milhões poucos meses após uma Série A de $35 milhões liderada pela Accel.
Essa rápida sucessão de rodadas de investimento é vista em várias categorias de startups que utilizam IA, como gerenciamento de serviços de TI e conformidade SOC. “Não há novos dados entre as rodadas. As Séries B acontecem de 27 a 60 dias após as Séries A regularmente”, comenta Jaya Gupta, parceira da Foundation Capital.
O Crescimento Acelerado
Embora algumas startups, como Cursor ou Lovable, tenham mostrado crescimento explosivo entre suas rodadas de investimento, nem todas têm essa sorte. Muitas empresas que levantaram muitos recursos em 2025 ainda têm receitas anuais que estão na faixa dos milhões, o que levanta questões sobre a viabilidade dessa estratégia de kingmaking.
Ainda assim, existe uma lógica por trás do investimento em escala. Startups bem financiadas costumam ser vistas como opções mais seguras por grandes compradores, o que as torna preferidas para compras significativas de software. Esse foi o caso da Harvey, uma startup de IA voltada para o setor jurídico que atraiu grandes escritórios de advocacia.
O Risco de Grandes Investimentos
Porém, a história mostra que a enorme capitalização não garante o sucesso. Muitas empresas, como a Convoy e a Bird, que também receberam investimentos substanciais, enfrentaram dificuldades significativas, inclusive passando por processos de reestruturação. Isso levanta uma questão importante: seria mais seguro adotar uma abordagem mais cautelosa?
Apesar dos riscos, os grandes fundos de investimento continuam apostando em startups promissoras na área da IA. A lição que muitos deles aprenderam é que as empresas podem crescer rapidamente e de formas inesperadas. “Todo mundo aprendeu a lição sobre a potência da lei do poder. Nos anos de 2010, as empresas podiam crescer mais rápido e serem maiores do que alguém havia imaginado”, diz David Peterson, da Angular Ventures.
O Futuro do ERP
Com tudo isso em mente, o que podemos esperar do futuro do ERP com IA? A tecnologia está apenas começando a amadurecer, e o que vimos até agora é apenas a ponta do iceberg. À medida que soluções como a DualEntry se desenvolvem, é provável que novas funcionalidades e capacidades surgirão, transformando completamente a forma como as empresas gerenciam seus recursos.
A Propensão por Investimentos em IA
A tendência de investimento em startups de IA não mostra sinais de desaceleração. A força motriz por trás disso pode ser atribuída ao potencial de mudança que essas tecnologias podem trazer para o mundo dos negócios. Há uma sensação de urgência, um desejo de não apenas se adaptar, mas de liderar.
Conclusão
A trajetória da DualEntry nos mostra um cenário em constante evolução, onde investimentos maciços em startups de tecnologia são tanto uma aposta no futuro quanto um reflexo das mudanças rápidas que estão ocorrendo no mundo dos negócios. O conceito de kingmaking pode não ser uma fórmula mágica, mas estamos testemunhando o seu impacto na transformação digital. À medida que continuamos a acompanhar essa tendência, fica claro que o futuro dos sistemas de ERP está se moldando diante de nossos olhos, com a IA na vanguarda.
As perguntas que permanecem são: qual será o próximo passo para a DualEntry e outras startups da área? E como as empresas tradicionais reagirão a essa nova onda de soluções inteligentes? O tempo dirá, mas uma coisa é certa: estamos apenas começando a explorar as possibilidades.