Na próxima terça-feira, dia 10, entre 5h47 e 10h13 (horário de Brasília), os amantes da astronomia poderão testemunhar um espetáculo celestial único: a Lua, que estará a um dia da fase cheia, irá ocultar Antares, a supergigante vermelha da constelação de Escorpião. Essa estrela impressionante, localizada a cerca de 600 anos-luz da Terra, possui aproximadamente 883 vezes o raio do nosso Sol, de acordo com dados do guia InTheSky.org.
Características Fascinantes de Antares
- Antares é classificada como uma estrela supergigante vermelha do tipo M e é reconhecida como uma das mais brilhantes do céu, ocupando a 16ª posição no ranking das estrelas mais brilhantes, embora, em algumas classificações, possa ser considerada a 15ª – isso porque os componentes do sistema estelar quádruplo Capella são frequentemente contados como uma única estrela.
- Entre as estrelas mais proeminentes próximas à eclíptica, Antares se destaca ao lado de Aldebaran, Spica e Regulus.
- Com uma massa que varia entre 15 e 18 vezes a do Sol, e um raio imenso, a densidade de Antares é bastante baixa.
- Para se ter uma ideia do seu tamanho, se Antares estivesse no centro do nosso Sistema Solar, sua parte exterior estaria situada entre as órbitas de Marte e Júpiter.
- Antares é caracterizada como uma estrela de variabilidade lenta, apresentando uma magnitude aparente de +1.09.
Antares significa ‘o antagonista de Áries’, uma referência ao deus da guerra, Marte, na mitologia romana. O nome foi escolhido por causa do brilho avermelhado da estrela, que se contrasta com o de Marte.
Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e colunista do Olhar Digital.
A Importância da Ocultação Lunar
Vale ressaltar que as ocultações lunares são eventos visíveis apenas de uma fração específica da superfície terrestre. Devido à proximidade da Lua em relação ao nosso planeta, sua posição no céu muda conforme a localização do observador. Esse fenômeno é conhecido como paralaxe, que é a diferença na posição aparente de um objeto quando observado de diferentes locais.
Assim, a posição da Lua vista de dois pontos diametralmente opostos na Terra pode diferir em até dois graus – que corresponde a quatro vezes o diâmetro da Lua cheia. Portanto, se a Lua passar na frente de Antares para um observador em uma parte do planeta, poderá estar até dois graus distante do mesmo objeto para um observador do outro lado da Terra.
No mapa acima, os contornos em vermelho indicam onde será possível observar o desaparecimento de Antares, enquanto as áreas em azul mostram onde os observadores poderão ver sua reaparição. As linhas sólidas representam os locais onde a ocultação deve ser visível usando binóculos em uma altura adequada no céu. Já as linhas pontilhadas apontam regiões onde o evento ocorrerá acima do horizonte, mas poderá não ser visível devido à claridade do céu ou à proximidade da Lua ao horizonte.
Descobertas Recentes: O “Eclipse” de Urano
Há pouco tempo, Urano também teve um momento de destaque ao bloquear a luz de uma estrela distante, similar ao que a Lua fará com Antares. Este evento proporcionou uma oportunidade excepcional para a NASA, que conduziu análises detalhadas da atmosfera e dos anéis do planeta gelado. Enquanto a obscuridade da estrela foi observada apenas no oeste da América do Norte, os cientistas se prepararam para essa raridade, uma vez que ocultações estelares envolvendo Urano não são comuns; a última vez que um fenômeno do tipo ocorreu foi em 1996.
Esse tipo de pesquisa é vital, pois ajuda os astrônomos a entender melhor não apenas Urano, mas também os fenômenos de ocultações. “Essas obscurações nos fornecem insights únicos sobre a composição atmosférica e a estrutura dos sistemas planetários,” afirma um comunicado da NASA.
Assim, com a ocultação de Antares se aproximando, astrônomos de todo o mundo estão ansiosos para observar esse fenômeno raro, que não apenas embala o encantamento de quem olha para o céu, mas também serve como uma oportunidade para a ciência.
