A Uptime Industries aposta em infraestrutura de IA local com um dispositivo portátil chamado Lemony AI, que promete revolucionar a forma como as empresas utilizam inteligência artificial.
Com o tamanho de um sanduíche, Lemony AI é capaz de operar modelos de linguagem de grande porte (LLM), agentes de IA e fluxos de trabalho de inteligência artificial, tudo em um único nó. O dispositivo consome apenas 65 watts de energia para funcionar, equivalente à carga de um laptop, e pode ser empilhado e conectado a outros dispositivos, formando clusters de IA maiores.
Sascha Buehrle, cofundador e CEO da Uptime, comentou ao TechCrunch que cada nó pode suportar um LLM com até 75 bilhões de parâmetros e é capaz de hospedar tanto modelos de código aberto quanto versões adaptadas de modelos fechados. Em um cluster de nós Lemony, cada dispositivo pode operar um modelo diferente, aumentando a flexibilidade e eficiência do sistema.
Para facilitar o acesso a modelos de IA, a Uptime firmou parcerias com a IBM e a JetBrains. Isso permite que os clientes acessem não apenas modelos abertos, mas também soluções exclusivas da IBM, ampliando o leque de opções para empresas que buscam adotar tecnologias de inteligência artificial.
A concepção do Lemony AI surgiu de um projeto paralelo de seus fundadores. Buehrle e Ivan Kuleshov inicialmente tentaram distribuir modelos de linguagem em microcomputadores Raspberry Pi. Embora o intuito não fosse diretamente relacionado à IA generativa, o sucesso da iniciativa os levou a explorar outras possibilidades para esses dispositivos. Ao perceberem que a execução de modelos localmente poderia facilitar a adoção da IA por organizações que hesitam em utilizar soluções baseadas em nuvem, decidiram criar seu próprio dispositivo. A proposta de um equipamento compacto com foco na privacidade dos dados poderia acelerar a implementação de IA nas empresas.
“Precisamos desenvolver algo pequeno, que possa ser facilmente integrado às equipes e que não exija decisões corporativas amplas. Nossa meta é trazer soluções de IA generativa para os ambientes de trabalho de forma prática,” disse Buehrle, ressaltando que clusters de dispositivos menores e potentes podem ampliar o sistema de acordo com as necessidades dos clientes.
A Uptime já observou uma demanda sólida por parte de empresas de setores altamente regulamentados, como finanças, saúde e direito. “Tudo permanece no seu dispositivo,” afirmou Buehrle. “Documentos, arquivos, e e-mails — os modelos e agentes operam localmente, garantindo que nada saia do ambiente controlado.” Essa abordagem garante que informações sensíveis sejam mantidas em segurança, um ponto crucial para muitas organizações.
Até o momento, a startup arrecadou US$ 2 milhões em uma rodada inicial de investimentos liderada pela True Ventures, com participação da Alumni Ventures, JetBrains e investidores anjo. Os recursos serão utilizados para o desenvolvimento contínuo dos dispositivos e aprimoramento de sua tecnologia.
O futuro dos microcomputadores de IA da Uptime inclui a expansão do Lemony OS, o software que opera nos seus dispositivos, para ser compatível com o hardware de outras empresas, como o Nvidia DGX Spark. Adicionalmente, a empresa deverá transformar seu software atual, que se concentra em usuários individuais, para um sistema que permita o uso em equipes, ampliando sua aplicabilidade nas empresas.
O custo do Lemony AI é de US$ 499 por mês, e o serviço pode ser acessado por até cinco usuários, tornando-se uma solução atrativa para empresas que buscam integrar IA de maneira eficiente e segura. Com a crescente procura por soluções de IA que respeitem as normas de privacidade e segurança, a Uptime Industries se posiciona como uma líder promissora nesse nicho em expansão.