Por que os seres humanos começaram a dominar o fogo? A resposta é surpreendente!

(Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

O fogo, uma das mais significativas descobertas da história da humanidade, transformou o modo como vivemos. Essa força da natureza não apenas facilitou o cozimento de alimentos, mas também proporcionou aquecimento e iluminação, permitindo que as pessoas prolongassem suas atividades após o pôr do sol. Além disso, foi o combustível que impulsionou a Revolução Industrial, moldando o mundo moderno.

Pesquisadores têm se empenhado em compreender a relação dos primeiros humanos com o fogo. Um recente estudo trouxe à tona uma perspectiva intrigante: os primeiros usuários desse elemento essencial não o utilizavam primariamente para cozinhar alimentos, mas sim para outras finalidades.

Nova pesquisa revela que o uso do fogo pelos primeiros humanos era diferente do que se imagina (Imagem: Mr.Somkeat/Shutterstock)

Debate sobre uso do fogo é extenso e cheio de hipóteses

O IFLScience comenta que as interações entre os humanos primitivos e o fogo são assunto de debates prolixos. A maioria dos especialistas acredita que não houve um único momento em que os hominídeos passaram a incorporar o fogo em seu cotidiano. A utilização desse recurso foi gradualmente adotada por eles desde o início do Pleistoceno.

Inicialmente, a crença predominante era de que o fogo servia primariamente para cozinhar carnes e vegetais, facilitando a adaptação do Homo erectus, que precisou de um sistema digestivo menor e, simultaneamente, de um cérebro maior. Essa noção é conhecida como a “hipótese da culinária”.

No entanto, investigações mais recentes desafiam essa visão, sugerindo que a função primária do fogo pode não ter sido o cozimento de alimentos, mas sim algo mais complexo.

Embora o fogo tenha sido usado para cozinhar, pesquisadores acreditam que essa não era sua principal função (Imagem: Alessandro Di Lorenzo/Olhar Digital/DALL-E)

Estudos recentes questionam utilidade do elemento na antiguidade

Um estudo inovador, publicado em maio deste ano na Frontiers in Nutrition, trouxe novas interrogações sobre o uso do fogo pelos humanos antigos.

O Dr. Miki Ben-Dor, coordenador da pesquisa, afirmou que há um consenso de que, há 400 mil anos, a utilização do fogo era comum em lares, sendo empregado para assar carnes, aquecer ambientes e fornecer iluminação. Contudo, dúvidas emergem sobre o período anterior àquela época. Segundo Ben-Dor, muitos sítios arqueológicos mais antigos não apresentam evidências claras do uso do fogo, indicando que sua presença era incomum entre os humanos da época.

Os primeiros humanos, particularmente o Homo erectus, não faziam uso regular do fogo; sua utilização era ocasional e restrita a locais específicos e propósitos bem determinados.

Dra. Miki Ben-Dor, líder da pesquisa

A equipe de Ben-Dor decidiu explorar essa evolução mais a fundo. O passo a passo do estudo incluiu:

  • A revisão da literatura sobre nove sítios arqueológicos com evidências de uso de fogo, datados entre 1,8 milhão e 800 mil anos;
  • Pesquisas em dois locais em Israel (Gesher Benot Ya’aqov e a Pedreira de Evron), seis na África e um na Espanha;
  • Utilização de estudos etnográficos de caçadores-coletores contemporâneos para insights sobre hábitos humanos em épocas passadas.

Após a análise, a equipe identificou características comuns entre os nove sítios, levando-a a formular novas hipóteses.

O esforço para acender fogueiras era significativo (Imagem: Gabriel Sérvio/Criada por DALL-E/Olhar Digital)

Qual era a função do fogo há milhões de anos?

A partir da análise, a equipe observou que os sítios arqueológicos apresentavam uma abundância de ossos de animais grandes, como elefantes e hipopótamos. Esses animais desempenhavam um papel crucial na alimentação dos humanos antigos, fornecendo calorias suficientes para alimentar grupos inteiros por longos períodos, às vezes mais de um mês.

Como a carne desses animais era um recurso precioso, era vital protegê-la de predadores e da contaminação. Desse modo, os pesquisadores formularam a hipótese de que os dois principais usos do fogo na antiguidade foram:

  • Proteger a carne retirada de grandes caças de outros animais; e
  • Preservar essa carne por meio de processos de secagem e defumação.

Este estudo propõe uma nova compreensão sobre as motivações que levaram os primeiros humanos a empregarem o fogo: a necessidade de proteger a caça e conservar o alimento por períodos mais longos.

Professor Ran Barkai, coautor do estudo

Entretanto, uma vez que o fogo era aceso, é bastante plausível que os humanos também o utilizassem para o cozimento. Afinal, acender uma fogueira era um esforço considerável, embora não fosse a motivação principal para seu uso. Assim, o que se descortina com esse estudo é uma nova configuração na relação dos primeiros humanos com o fogo, revelando um conhecimento rico e multifacetado sobre essa força primordial da natureza.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/06/06/ciencia-e-espaco/por-que-humanos-comecaram-a-usar-o-fogo-resposta-nao-e-o-que-pensamos/

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